sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cartões de Crédito, Desbloqueios e Abandonos

Sempre fui uma pessoa avessa aos cartões de crédito. Levando em consideração que eu sou uma pessoa totalmente descontrolada em relação aos meus gastos, um cartão de crédito em minhas mãos me daria tamanho prejuízo que 25 encarnações não seriam suficientes pra me fazer cobrir o tamanho da dívida que eu provavelmente faria.
Pois bem, dia desses eu fui fazer umas compras, e a atendente da loja tentou me empurrar um cartão de crédito. Minha mãe tava me enchendo o saco pra fazer esse bendito cartão há algum tempo, então resolvi fazer. Até aí tudo bem, mas quando chegou o momento da entrega do cartão...

- Ok, sr. Bruno, esse é o seu cartão. No momento, ele ainda se encontra bloqueado, mas o senhor pode fazer o desbloqueio agora mesmo em nossa loja, basta comprar alguma coisa. Com que tipo de compra será o desbloqueio do seu cartão?, perguntou a atendente.

Bem, nessa hora, deu um estalo. Provavelmente eu diria que levaria toda a loja, o sistema de som e a atendente (que, por sinal, era um xuxuzinho) junto, mas o alerta de provável descontrole consumista já soou em meu cérebro.

- Err... No momento, prefiro não desbloquear. Sabe como é, ainda vou falar com minha mãe, e tal...

- Mas sr. Bruno, o senhor pode fazer o desbloqueio agora! Vamos fazer esse desbloqueio, o senhor está com o seu cartão em mãos! Como o senhor faz um cartão e não o desbloqueia?

Enquanto ela falava sobre todas as "vantagens" de possuir este maldito dinheiro de plástico, comecei a imaginar coisas... A imaginar este pequeno cartão, ali, em minhas mãos. Me coloquei no lugar dele... Como eu me sentiria se eu fosse um cartão de crédito, pronto pra usufruto pleno do meu dono e ele, simplesmente, me colocasse no bolso, com probabilidades de nunca ser usado? Como eu me sentiria, sabendo que meus outros colegas de carteira, o dinheiro, o cartão de passagem, a carteira da biblioteca da faculdade, todos eles estavam sendo usados e eu lá, encostado?

Comecei a ficar incomodado e voltei a tentar prestar atenção no que a atendente dizia, mas foi inútil.

Novamente me imaginei dentro da minha carteira, escura, de onde provavelmente jamais sairia. Como eu me sentiria se eu soubesse que nunca seria usado, nem pra pagar aquela conta do restaurante, onde meu dono acabou exagerando na conta e o dinheiro não deu? Sabendo que nunca teria a chance de colocá-lo no SPC/Serasa (admita, esta é a maior realização de um cartão de crédito) e deixá-lo atolado em dívidas até a sua 23ª geração??

Sim, isso me deixou bastante perturbado. Nunca tinha pensado por este lado.

- Então, vamos fazer o desbloqueio? - A atendente volta a perguntar, fazendo com que eu voltasse da "viagem".

Nessa altura do campeonato, eu já estava decidido. Já sabia a minha escolha. Aqueles momentos de reflexão me fizeram pensar como nunca havia pensado antes. Assim, olhei confiante nos olhos da atendente e disse:

- Não, obrigado. Farei em outra hora.

Peguei o cartão, enfiei na carteira e voltei pra casa.

3 comentários:

Paulo Azevedo disse...

Piru, toma no cu! :D

Bruno Alves disse...

Paulo, sempre simpático e prestativo. ¬¬

Patrícia Andréa disse...

Oi sumido!
Viu, tem um questionário lá no meu blog (da minha monografia). Se vc quiser/puder, dá uma passada lá e respond (e tb se quiser/puder, repassa e fala pro pessoal deixa a resposta lá no meu blog).
Bjaum e bom domingo!